Jesus disse que Deus procura "verdadeiros adoradores que adoram o Pai em espírito e em verdade" (Jo 4.23). Quem são os verdadeiros adoradores? Paulo afirmou que a verdadeira adoração é aquela que se oferece a Deus pelo Espírito, não confiando na carne mas gloriando-se em Cristo Jesus (Fp 3.3).
Tanto as palavras de Jesus como as de Paulo, contrastam a verdadeira adoração com o culto judaico ou samaritano, envolvendo sacrifícios e ritos religiosos tradicionais.
Adorar a Deus requer que, aquele que se aproxima do Senhor para adorá-lO, guarde-se de uma vida pecaminosa, indiferente aos Seus mandamentos, porquanto sua adoração será sem sentido; será uma falsa adoração, mesmo que os atos sejam perfeitos. Se Deus quer verdadeiros adoradores, Ele só Se alegrará com aqueles que correspondem às Suas exigências. Ele rejeita a liturgia dos "anciãos" ou a da denominação à qual pertencemos se esta não for bíblica.
Em nosso mundo evangélico, repleto de reuniões, estudos bíblicos, bons livros, música sacra, mensagens, conferências, retiros, deveria se esperar que os cristãos refletissem o efeito destas atividades em vidas caracterizadas pela santidade. Mas, talvez, ao olharmos para nós mesmos, admitiremos o que G. Verwer, diretor-fundador da Operação Mobilização, chamou de "esquizofrenia espiritual". Dividimos nossas vidas em dois compartimentos. Um, envolvendo nossas atividades religiosas, exemplificadas pelo nosso cantar, orar, falar e testemunhar, outro, envolvendo todas as atividades não religiosas: nossa conversa, sociabilidade, tempo de trabalho e lazer, sentados à mesa, ou atentos aos programas de televisão. Uma dicotomia notável caracteriza a vida daqueles que reivindicam comunhão com Deus, afirmando ser residência do Seu Espírito.
Quando ocorre a espiritualidade genuína e agradável a Deus, é arrancada a máscara da hipocrisia. A adoração em espírito e em verdade exige o temor de Deus, o qual deve se fazer acompanhar de religiosidade externa.
Se um culto realizado não tem o objetivo fundamental de tornar Deus real e pessoal, é costume incluir-se "feno e palha" que não edificam os participantes e nem exaltam ao Senhor. A maneira como uma igreja adora reflete a teologia da comunidade. À medida que o culto concentra-se no homem, em vez de Deus, suscita-se a noção falsa de que Deus é um simples espectador que acompanha nossa atividade, como um avô que se diverte com as brincadeiras se seus netos.
Mas a verdade é bem outra. Deus é perfeito em santidade (Mt 5.48), Criador e Juiz do universo (Tg 4.12). Devemos-Lhe tudo o que exalta a Sua dignidade. No céu, onde o pecado não existe e a influência da rebelião do homem não se aproxima, os seres viventes dão incessante "glória, honra e ações de graças" (Ap 4.9). Os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante dAquele que se encontra assentado no trono. Adorarão ao que vive... proclamando: "Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder..." (Ap 4.11). Se nossa adoração não incentiva os membros da comunidade cristã a reconhecerem a dignidade de Deus e do Cordeiro (Ap 5.9,12), ela falha em princípio. Jesus Cristo é digno de receber o "poder, e riqueza, e sabedoria, e força,e honra, e glória e louvor" (v.12).
Dr. Russell P. Shedd
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